18 janeiro 2008

Deputados gastam 20 mi com viagens em 2007


Verba daria para pagar 5 voltas à Terra de cada deputado

A Transparência Brasil divulgou nesta quinta-feira (17) um estudo com informações que ajudam a compor a face média dos políticos brasileiros. Colecionaram-se dados referentes ao Congresso –Câmara e Senado—e às Assembléias Legislativas. A visão proporcionada pela leitura não é, como sói, alentadora.

Tome-se o exemplo da chamada verba de gabinete. São aqueles R$ 15 mil que os congressistas recebem todo mês para custear despesas relacionadas ao exercício do mandato. Nada a ver com salário nem com as tradicionais cotas de passagens, telefone, correspondência e auxílio moradia a que deputados e senadores fazem jus.

Considerando-se os 513 deputados, a Câmara gastou R$ 80 milhões com a verba de gabinete. Desse total, R$ 20 milhões foram aplicados na compra de passagens aéreas. Repise-se: nada a ver com o deslocamento dos deputados para os seus Estados.

Pelas contas da Transparência Brasil, essas duas dezenas de milhões de reais seriam suficientes para bancar cinco voltas de avião ao redor da Terra para cada um dos 513 deputados. Não parece razoável.

O segundo item que mais consome a verba de gabinete é o custeio do combustível dos deputados: R$ 16,7 milhões em 2007. Dividindo-se o montante entre os 513 deputados, cada um deles poderia rodar 73,8 milhões de metros de asfalto. De novo: parece absurdo. Sobretudo num instante em o mantra do corte de gastos ecoa por toda Brasília.

Embora não fique bem na foto, a Câmara leva uma vantagem sobre o Senado. Os deputados ao menos divulgam os gastos na internet. O Senado, nem isso. A divulgação patrocinada pelos deputados é precária. Não se tem acesso ao bolo de comprovantes de gastos, envenenado por centenas de notas fiscais frias e recibos mutretados. Mas nada excede em desfaçatez a obscuridade do Senado.

Pressionando aqui você chega à íntegra do estudo da Transparência Brasil. Vale a leitura. Está sem tempo agora? Pois reserve um naco do seu final de semana. Há muitos outros dados no texto –da freqüência dos parlamentares às pendências de muitos deles com a lei.

Percorrendo-se o documento, descobre-se, por exemplo, que algo como um terço dos assentos da Câmara é ocupado por deputados que têm pendências com a Justiça e/ou com os tribunais de contas. Na bancada de Tocantins, o percentual de deputados encrencados alça à casa dos 75%.

Entre os 81 senadores, somam 30 os que se encontram encalacrados com a Justiça. Em 15 dos 27 legislativos estaduais, o número dos que trazem a ficha tisnada chega a pelo menos um terço. Em sete Estados, bate em 40%. Em Goiás, chega a 70%. Triste, muito triste, tristíssimo. O pior é saber que o eleitor é responsável direto pelo descalabro.

Escrito por Josias de Souza (Blog do Josias – Folha OnLine)

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